SEM RIMA 117.- ... dúvida ...
Estou, arreigo na dúvida:
Escrevo da vida e declaro-me em guerra
Ou lirizo a delicadeza dos amores nus?
E não sei bem que fazer, não sei que fazer bem...
Porque escrevo nestas partes da Europa
Que dizem Península ibérica
E concretamente Espanha ou Spain.
Nessa ao menos hipótese
(nunca saberemos com certeza
se é real; sim, régia, por sinal...),
Não posso confessar-me alheio
a tudo o que de desumano está a acontecer
contra as pessoas.
Há tempo que neste país
Os cidadãos foram solenemente declarados
Súbditos do rei e, pelo rei, dos "desgovernantes"
E afinal, dos "mercados", senhores do rei.
Mas, se encaminhasse os meus "falares" por essa via,
Não atraiçoaria o sentido e cimento do poetar?
Que sentido tem redigir poemas que não tratem,
Assim ou assado, do amor, da pessoa amada
E mesmo dos atos sensíveis e carnais
Que, sob o pretexto de amar, executamos
Impenitentes?
Eis a minha dúvida: reivindicar ou amar
Por palavras em ambas as hipótese?
Haverá quem me ilumine e oriente
Nestas hesitações agonizantes?