DENTRO DA LEI
O vazio em minh’alma,
Não é um vazio de ausência,
Nem se traduz em calma;
Ao contrário, no auge do vazio,
Tudo e todos estão presentes
E, apesar do vozerio crescente,
Nem todos estão contentes.
Se nada acalma minha ânsia,
E parece eterna a busca,
Cresce em minh’alma a vasca,
Que de forma brusca,
Arranca-lhe dorida lasca.
Este meu destino reverso
Espelha a Lei do Universo:
“Não há vazio, tudo é movimento”
É o que diz a ciência do momento.
E como todo movimento causa atrito,
O movimento da alma causa conflito.
Se da Lei a dor é o efeito, atenuá-la, é o jeito;
Este poema é meu estratagema perfeito,
Para acalmar a multidão sem calma,
Que tumultua o vazio de minh’alma.