O homem de pano, com o coração de papel.
Um homem de pano,
Cosido por engano,
Coração de papel,
Sonhando em lã,
Apaixonado por um vestido de noiva,
Juntou algumas moedas e comprou um véu,
Buscou na agulha um poema,
Escreveu com seda uma história,
Comprou um jornal e fez um filho,
Rasgou dois olhos, e fez um coração de pano,
Com papelão fez uma casa,
E do amanhã sem planos,
Espera apenas um séqüito de tecidos em solidão,
Seu coração de papel rasgou,
Seu filho de jornal chorou,
Pobre coraçãozinho de pano,
E véu mulher, ficou negro em luto.