Fome De Afeto
Ensandecida esta fome voraz de afeto
Revelada entre as paredes de concreto
Nas estáticas madrugadas silenciosas
Calando nas entranhas da alma a prosa
Insuportáveis abraços perdidos no vazio
Dispersos nas horas mortas do passado
Entre o sal das lágrimas, denso oceano
Derrocada imprevista dos muitos planos
Ecos sobrevoam a mente abandonada
Desolada diante dos sonhos na calçada
Quando se percebe na dolorosa agonia
De viver no cotidiano a escura nostalgia
Pobres sonhos prematuramente mortos
E pensar que tão pouco eram os desejos
Bastaria apenas um único e sincero beijo
Para cessar a solidão que corta os ossos
Fome exagerada de serenidade e carinho
Cansaço diante dos sistemáticos espinhos
Abissal do existir,triste vala da realidade
Vis metais impiedosos sepultam a verdade.
(Ana Stoppa)
http://www.youtube.com/watch?v=Es3sgwyV--o