CEGO SENTIR...

Com minhas mãos cegas tateio meus escombros

E com meus olhos pego meus restos pelo caminho

Nada além desse horizonte surrealista encontro

A não ser este desejo de estar onde não deva

Mergulho neste céu de verdades subentendidas

E naufrago nas areias deste cais situado no caos

Afogando-me em deletérias e vãs divagações

Submerso nesta minha dor intransigente

Sufoca-me as águas desta pungente indiferença

Não aprendi esquecer o que de mim já faz parte

Ou mesmo renegar esse deflúvio constante

Neste disfórico holograma de insanidades

Onde perdemos o sentido do que seja sentido

Respiro a saudade do que ainda nem partiu

E sonho com coisas antes mesmo de dormir

Carrego no medo um suscetível pedido de desculpa

Mas o peso de meus erros tange-me ao vácuo

E neste limbo vagueio a procura de perdão

Mas não desejo ser perdoado sem resignação

Pois eremita são meus desdobramentos éticos

Então autoflagelo-me pela culpa de perder

Meu cabedal minha instância meu amor Mor

Aceito então minha humilde insignificância

Nestes meus erros humanamente parvos

Plantados no solo de férteis sentimentos

Enraizado nos labirintos de um grande amor

Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 14/05/2012
Código do texto: T3667349
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