CEGO SENTIR...
Com minhas mãos cegas tateio meus escombros
E com meus olhos pego meus restos pelo caminho
Nada além desse horizonte surrealista encontro
A não ser este desejo de estar onde não deva
Mergulho neste céu de verdades subentendidas
E naufrago nas areias deste cais situado no caos
Afogando-me em deletérias e vãs divagações
Submerso nesta minha dor intransigente
Sufoca-me as águas desta pungente indiferença
Não aprendi esquecer o que de mim já faz parte
Ou mesmo renegar esse deflúvio constante
Neste disfórico holograma de insanidades
Onde perdemos o sentido do que seja sentido
Respiro a saudade do que ainda nem partiu
E sonho com coisas antes mesmo de dormir
Carrego no medo um suscetível pedido de desculpa
Mas o peso de meus erros tange-me ao vácuo
E neste limbo vagueio a procura de perdão
Mas não desejo ser perdoado sem resignação
Pois eremita são meus desdobramentos éticos
Então autoflagelo-me pela culpa de perder
Meu cabedal minha instância meu amor Mor
Aceito então minha humilde insignificância
Nestes meus erros humanamente parvos
Plantados no solo de férteis sentimentos
Enraizado nos labirintos de um grande amor