Passaros de Portugal

Não conheciam o mar

E lhes pareceu mais triste que na tele

Pássaros de Portugal

Sem endereço, nem alpiste, nem documentos.

Ele disse: vamos

Onde? Respondeu-lhe chorando ela

Longe do altar maior

No veleiro pobretão de uma garrafa

Despoja-te do anil

Redil da alma

Leve apenas uma camisa

Devolve-me o mês de abril se chamavam

Abelardo e Eloisa

Arcanjos bastardos da pressa

Alumiaram o amanhecer mortos de frio

Agasalharam-se com a sensatez do desvario

Teu e meu de volta ao lar

Que vazio deixa a ansiedade

Que vergonha terão seus pais

Sem asas para voar

Prófugos do instituto e da cama

Pássaros de Portugal

Apenas dois minutos, má fama

Logo os guardas civis

Confisco-lhes o suor e o sorriso

Os postais de Estoril, sem pousada,

sem escudos e sem visto

Chamavam-se Abelardo e Eloisa

Mergulharam contra o Everest e se afogaram

Ninguém lhes ensinou a merecer o amparo

Da virgem da solidão

Que pequena é a luz dos faróis!

Mergulharam contra o Everest e se afogaram

Ninguém lhes ensinou a receber o amparo

Da virgem da solidão

Que pequena é a luz dos faróis!

De quem sonha com a liberdade...

Joaquin
Enviado por Joaquin em 14/05/2012
Reeditado em 14/05/2012
Código do texto: T3666856