Meu cortejo
Meu coração é câmara mortuária,
cujas paredes estão cobertas de miasmas suspirentos e perdidos da última hora.
Alma é a pedra fria onde um corpo podre repousa no sono profundo da morte.
Um leve bater de pestanas
e adeus.
Quando sair meu cortejo sem silêncio,
quero música.
Desejo então nada mais que Strauss e Beethoven,
os melhores amigos às alças,os filhos as flores
ao amor, se vivo uma cruz.
Eu sei,
o que compete a mim agora é o túmulo que na treva guarda aquilo de mais precioso,
à sorte dos vermes e varejeiras.
Mas,que é um corpo?
Um amontoado de carne e ossos amolecidos se liquefazendo na terra úmida.
Perece, para ser húmus de outras flores,
outros espinhos.
Aos que me são caros uma saudação,
aos que odeiam, eu também.
A vitória não é vossa,
a glória de uma vida sucumbe diante de vós.
Contempla então o céu,
essas nuvens plúmbeas e baixas são asas de querubins que choram,
esse vento gelado é o véu das Banshees que flutua com seus risos agourentos e seus gritos de mau agouro.
E saindo o cortejo chove,
não importa; a tampa já vai fechada.
E caminhando vão rápido,
quero acabar cedo.
Na bíblia diz: Vós que sois o sal da Terra,
talvez porém um pouco mais, basta a mim que notem as ervas daninhas.
É isto que somos irmãos,
adubo, esterco e só.
Porque ei de temer o futuro?
Se meu destino é o pó.