Nunca vi o sol.
Eu nunca vi o sol.
Não, eu nunca, eu nunca vi o sol.
E eu nunca vi o sol, somente porque quando olho para a luz, eu só vejo a escuridão.
E enquanto o sol brilha incessantemente sobre a cidade, eu fecho minhas janelas e me isolo na tranquilidade obscura de meu quarto escuro.
Porque enquanto o sol emana seu calor, meus ossos sente apenas frio, frio, frio, frio...
E eu não consigo sentir realmente o sol...
Porque o frio isola meu coração e toma minha alma na escuridão.
Esvanecida carne subtraída de minha dolorosa alma.
E eu sem nem saber quem sou ou o que sou.
Avarentas aves assassinas me perseguem dia e noite.
Com toda sua injustiça o mundo ri para mim, dizendo que eu não vou conseguir sobreviver.
Mas, mesmo cambaleante, mesmo morrendo na carne viva e cheia de espinhos...
Mesmo sangrando em lágrimas tristes, vou seguindo em minha persistência danada por minha vida desgraçada, onde não existe graça nenhuma, mas persiste sempre a miséria.
Minhas chagas em pele viva...
O sol batendo lá fora de meu barraco alugado...
E eu querendo ver o sol, mas jamais podendo realmente ver e sentir o sol...
Sim, porque eu mesmo sou o frio.
Sim, eu sou o frio, sim, o frio da escuridão e da mais estarrecedora solidão.
Eu sem laço, permaneço no vazio de meu quarto escuro, tentando desesperadamente fugir desse mundo injusto.
Mas, eu nunca vi o sol.
E não sobre o sol de minha vida não há luz, por que a solidão em escuridão tudo reduz, e em meu coração só restou o frio, meu irmão.
Sim, em meu coração só existe o frio da escuridão, meu irmão.