Nunca vi o sol.

Eu nunca vi o sol.

Não, eu nunca, eu nunca vi o sol.

E eu nunca vi o sol, somente porque quando olho para a luz, eu só vejo a escuridão.

E enquanto o sol brilha incessantemente sobre a cidade, eu fecho minhas janelas e me isolo na tranquilidade obscura de meu quarto escuro.

Porque enquanto o sol emana seu calor, meus ossos sente apenas frio, frio, frio, frio...

E eu não consigo sentir realmente o sol...

Porque o frio isola meu coração e toma minha alma na escuridão.

Esvanecida carne subtraída de minha dolorosa alma.

E eu sem nem saber quem sou ou o que sou.

Avarentas aves assassinas me perseguem dia e noite.

Com toda sua injustiça o mundo ri para mim, dizendo que eu não vou conseguir sobreviver.

Mas, mesmo cambaleante, mesmo morrendo na carne viva e cheia de espinhos...

Mesmo sangrando em lágrimas tristes, vou seguindo em minha persistência danada por minha vida desgraçada, onde não existe graça nenhuma, mas persiste sempre a miséria.

Minhas chagas em pele viva...

O sol batendo lá fora de meu barraco alugado...

E eu querendo ver o sol, mas jamais podendo realmente ver e sentir o sol...

Sim, porque eu mesmo sou o frio.

Sim, eu sou o frio, sim, o frio da escuridão e da mais estarrecedora solidão.

Eu sem laço, permaneço no vazio de meu quarto escuro, tentando desesperadamente fugir desse mundo injusto.

Mas, eu nunca vi o sol.

E não sobre o sol de minha vida não há luz, por que a solidão em escuridão tudo reduz, e em meu coração só restou o frio, meu irmão.

Sim, em meu coração só existe o frio da escuridão, meu irmão.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 11/05/2012
Código do texto: T3662440
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