O Velho Palhaço

O velho palhaço no centro do picadeiro

Com sua face vermelho escarlate,

Com seus olhos azuis que fitam a lona verde escura

Dá início ao espetáculo mais esperado de toda sua vida.

A lágrima pintada abaixo do olho não quer mais ser apenas tinta,

Quer transformar-se escorrendo verdadeiramente pela face.

Seu semblante conflita com o sorriso pintado em seu rosto

Dando a falsa expressão de felicidade.

As roupas já não tão coloridas, puídas pelo tempo passado,

Não escondem mais a verdadeira alma do homem que a veste.

O chapéu verde claro donde pende uma flor branca e amarela.

(Que pelas desventuras vividas já não tem a cor e a vitalidade de outrora)

Não representam mais as lembranças dos jardins floridos e perfumados que antes visitava.

A gargalhada que há muito tempo contagiava a mais triste criança que o via

Hoje não passa de pura loucura, misturada a tristeza e dor.

Mais uma vez, e desta talvez a última,

Olha novamente para a lona verde escura acima do picadeiro,

E abrindo vigorosamente seus braços

Ouve pela última vez o rufar dos tambores e os aplausos do publico