Reforma
Embrulhei todas as velharias cerebrais
arranquei as ervas daninhas cardíacas
(nem pra adubo aquelas porcarias serviram)
enterrei tudo no quintal de casa
Entrei, sentei na cama
Chorei.
O vício veio de mansinho
De mãos dadas com o marasmo
Me abraçaram por trás
e trouxeram o sono.
E eu fui, sem pensar...
O silêncio esmurrou meus ouvidos
Na inércia, fui derrubada
Sem orgulho, sem beleza e sem nada
Arrastei-me até a cozinha
arranhando a caneca
Fiz o café
Me olhei pelo espelho do microondas
Ri de mim mesma
Pensei em sanatório, clínica, psicólogo
Amigo, cigano, astrólogo
E de que adiantaria?
Se nem eu me entendo
Imagina esse povo louco!