"UM RAIO PAGÃO"
Valdemiro Mendonça
Ele perto do arame da cerca,
A chuva violenta se armando...
O clarão,
Sobe ao céu E desce a terra ,
Todo seu sangue vai sujando,
O chão.
O som rouco de uma trovoada,
A boiada correndo e mugindo,
A dor.
O branco e silencio do quarto,
Aquele anjo carinhoso sorrindo,
O amor.
A fazenda a tarde e o violão,
A paz, o sonho e a felicidade,
A lida,
O tempo não diminui à paixão,
Alegria do amor traz novidade,
Da vida.
A charrete o folguedo, o passeio,
A chuva forte caindo e caçoando,
De mim,
Raio, cavalo indômito a ribanceira
Duas vidas inocentes e chegando,
Ao fim.
A mulher e a filnha um tesouro,
Foram-se sem gestos de adeus.
Descarga assassina?
Para que mais vida ou o ouro?
O raio pagão, levou os gostos seus
A esposa e a menina
Na cidade o vicio, a tristeza,
A sarjeta o escárnio de quem:
O vê,
A mão implacável do destino,
Fez uso de um raio assassino...
Por quê?
Trovador