LOBO NA PORTA
Você quer que eu diga que te entendo
Que compreendo tuas ideias
Que sou capaz de aceitar teu jeito
Talvez eu seja mesmo...
Sim talvez eu possa...
Mas La fora se ergue o sol em nova manhã
E aqui entre-nos as conversas já nascem velhas
Posso mesmo entender você minha dama
Se realmente quiser eu posso...
Mas e a mim quem entende?
Você sabe quem sou?
Entende minhas dores?
Não vejo em teu rosto o mais leve sinal de percepção
Há um vazio ansioso em teu olhar
Como o faria um lobo noite após noite me ponho a uivar em tua porta
Às vezes ferido
Quase sempre cansado
Tanta dor em meus ombros...
E não me vê
Ouve meu barulho
Sabe de meu lamento...
Mas não me vê
Há um mundo tão cruel ai fora você sabe
Um mundo voraz e tirano
Um caçador incansável
Ele não é mais brando comigo do que é com você
Às vezes dói demais ser teu escudo
Às vezes... Parece tão inútil e solitário lutar por ti
Quando foi que viste minhas lagrimas?
Quando importou-se com elas?
Não acho que sejas má ou insensível
És apenas acomodada a um mundo que lutei pra te dar
Há menina estou tão cansado
É sínico dizer que o guerreiro não espera recompensas de suas batalhas
Todos buscamos a validação moral de nossas lutas
Todos queremos aquele olhar...
Aquele sorriso...
Aquele gesto que justifica nosso combate
Isto entre nos se perdeu
Rapidamente venho perdendo este sentido tão primal de ser
Como dói sentir que você esta a meu lado, mas não em meu coração como antes.
Tão pouco estou eu no teu agora
O amor ainda existe, mas mudou de forma.
O amor é mutável garota devias saber disto
O amor por vezes é um debochado transmorfo que diverte-se as nossas custas
O que terá virado o nosso?
Que forma ele tem agora?
E o amor dói...
Quando quer ele dói
Todo o amor dói não se iluda querida
Todo... todo ele dói
Não é a dor que diminui ou muda o amor
É a falta de motivos pra sofrer por ele que muda as coisas
Onde estão nossos motivos agora?
Vejo em teu sorriso rápido vislumbre da mulher que foste
Do amor que tínhamos
Mas é tão fugaz
Uma passagem tão veloz do que eras para o que és
Terei mudado também?
Será culpa minha?
Talvez...
Mas não ouso respostas de teus lábios
Deles só obtenho tua volúpia e tua ira em medidas desiguais
E me vejo cada vez mais sem saída
Sou o lobo uivando na tua porta...
Podes me ouvir?