Quando meus olhos de fecharem

Quando meus olhos de fecharem

Jorge Linhaça

Findo o brilho no meu olhar agora opaco

esvaida de mim a essência do meu ser

cerrada a cortina afinal do último ato

O que restará então do meu parco saber?

A carcaça ôca, pelo tempo já carcomida

prestes a servir de banquete aos vermes

simulacro de memórias há muito esquecidas

a rouxidão ou palidez de minha epiderme.

Imortal serei, não nas cadeiras acadêmicas,

mas o espírito alforriado e sempre eternal

singrará, livre das forças sistêmicas

O tempo e espaço serão apenas um portal

serei o complexo de minha total consciência

a navegar o mar da poesia no espaço sideral