A CURVA DA ESTRADA

Não há mais lugar em sua estrada

Ela só ouve um rumor distante de choro e de velas

É uma parada

Um gosto de inevitável na boca

As coisas mudaram derrepente

Eles já não estão mais La

Há um enorme vazio numa caixa retangular de madeira

Ela esta deitada no vazio agora

Mas esta sozinha?

Onde estão os risos dos dias alegres?

Pra onde foi à brisa morna das noites abafadas antes das chuvas?

Já não há mais sombras nem arvores na paisagem

Pra onde foi o perfume das flores?

Ela sente que esta se desfazendo

Como se fosse o negro voltando ao negro sem que houvesse acréscimo de tom

É uma cor voltando pra casa

Pra fazer parte de novo do que nunca fora

Pra que os que fiquem trilhem pra sempre nos caminhos da saudade

Pra que esperem e sintam medo

É uma viagem

Quando foi que ela comprou a passagem?

É tão frio ali neste carro de sombras

A mercê dos ventos nas janelas sem vidros

Quem decidiu que ela deve ir?

Um odor de terra, grama raízes e vermes.

É uma morada

Emoldurada de lapides

Com frases curtas gravadas

E é um lugar de distancias

Onde, no entanto todos estão sempre ao alcance da Mão.

Um jardim de rochas e flores murchas

Um amontoado falso de rosas de plástico

É tão estranho agora e é para sempre

Alguns homens de terno

Alguns anjos com liras

Algumas mulheres de lagrimas

Um esquife descendo sozinho

Um fim

É um fim

A curva da estrada onde tudo termina

E tudo começa

Ela esta La agora

Dançando vestida de branco esquecida de preces

Ela sabe e espera

Os outros a seguem

Viajam ao seu encontro.