Lamacenta Fênix de Mim...
há uma parte de mim
a melhor parte
que brinca de morrer
que brinca de viver
num surto!
acena-me de longe, se viva
e traz-me esperanças de amores
enterra-me ao sempre, se morta.
sarcástico!
e nem sei se devo amar-te
não sei mais.
e faço silêncio
embora quisesse mesmo
gritar a minha dor.
e este silêncio que faço
é lâmina e mata-me!
te comportas tu tal a hiena
quase sempre.
e me rondas...
e rir-se de mim
mas não sabes, então
que lidas com a fênix
de mim
que morre e renasce
tantas e tantas vezes
incontáveis!
e das lágrimas minhas que caem
sobre a terra árida,
chão onde encontro-me,
lamaceia...
e ergue-se outra
e sou tantas!
e sinto tanto tudo
que, por vezes
nem reconheço-me.
e perco-me
e nem sei se quero amar
ou odiar.
erguida...!
mas a ti - o fôlego é sempre curto
vomito a lamacenta fênix
de mim.
e tu... cinzas de mim.
Oh! Dá-me asas, toda a mitologia!
arranca-me esta dor de tanto amor!
do que não posso amar!
do que devo sempre amar e servir
e cobrir e acalentar!
arranca-me esta dor de tanto amar!
que enfraquece-me...
e retorna-me ao chão... sempre.
e eu nem sei o por quê.
Karla Mello
22/Abril/2012