DERRADEIRO ABRAÇO
(PS/103)
Um abraço frio, mórbido
O braço não alcança o abraço e
Uma dor transpassa o meu peito
Confronto cruel, real e inesperado!
(PS/103)
Um abraço frio, mórbido
O braço não alcança o abraço e
Uma dor transpassa o meu peito
Confronto cruel, real e inesperado!
Gela a noite o corpo inerte
Só, na sala da escuridão
Face lívida sorriso aparente
Aguarda a hora, solidão!
Olho tensa nos seus olhos
Cerrados serenamente pela finitude
Rola a lágrima pesa o momento
Sentimento vazio, frio, concretude!
Dorme, eterna, na cama fria em cetim
Rodeada de flores, pétalas e jasmim
Já não sente o perfume de carmim
Não lembra mais de mim?
Clamo à solidão audaz
Solidão mordaz de mármore
Vestida de negro véu
Leve-me com ela ao céu?
Livra-a das garras da morte
Traga-a para casa
Não a deixe na dormência eterna
Deixe-a viver, suplico!
Desperto para a realidade
Meu grito rouco evoca Deus
Rasga a visão lívida, indefinida
Taciturna hora, partida definida!
O que importa agora, Mãe?
Se a hora já não marca
Se a estrela já não brilha
Se a noite será perpétua?
Nada mais importa!