Poesia para Aluir

Sou aquela que luta e esbraveja sem perder os ares de menina.

Carrego olheiras profundas. Meu cabelo é pigmentado e grosso,

Mas não se iluda, menino, eu não passo de um mero esboço

E meu nariz arde; não sei é de doença, de choro ou de cocaína.

Mantenho a cabeça erguida, firme, assim como um espantalho.

Você diz: - Ora! Nunca vi tanta doçura, tamanha destreza,

Mas não vê meu coração enfermo; este que carrega imensa tristeza

E já gasto, coitado, nunca sequer passou de um infeliz frangalho.

Assim eu sigo, sem saber o que bem fazer ou esperar da vida

Talvez eu me torne colorida de felicidade, alegremente cândida;

Quem sabe, ser extremamente inteligente e compor um hino!

Porém, com toda a sinceridade, estou aluindo e não crio esperança

Sei que só cabe a mim o gran finale, sou o Cisne dessa dança

Mas a bem da verdade, garoto, há muito que já perdi meu tino...

Gabriela Tavares
Enviado por Gabriela Tavares em 18/04/2012
Reeditado em 02/11/2014
Código do texto: T3620113
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