Poesia para Aluir
Sou aquela que luta e esbraveja sem perder os ares de menina.
Carrego olheiras profundas. Meu cabelo é pigmentado e grosso,
Mas não se iluda, menino, eu não passo de um mero esboço
E meu nariz arde; não sei é de doença, de choro ou de cocaína.
Mantenho a cabeça erguida, firme, assim como um espantalho.
Você diz: - Ora! Nunca vi tanta doçura, tamanha destreza,
Mas não vê meu coração enfermo; este que carrega imensa tristeza
E já gasto, coitado, nunca sequer passou de um infeliz frangalho.
Assim eu sigo, sem saber o que bem fazer ou esperar da vida
Talvez eu me torne colorida de felicidade, alegremente cândida;
Quem sabe, ser extremamente inteligente e compor um hino!
Porém, com toda a sinceridade, estou aluindo e não crio esperança
Sei que só cabe a mim o gran finale, sou o Cisne dessa dança
Mas a bem da verdade, garoto, há muito que já perdi meu tino...