Pacto

Vivíamos assim de quando em vez

Assunto truncado trocado com rapidez

Sabíamos da verdade e da triste aridez

Quem sabe morresse a lucidez

E o pacto fosse desfeito entre o riso e a insensatez...

Mas era pacto de amantes dantes..amigos por demais

Macho e fêmea não tão animais..lamentávelmente racionais

As ameaças nunca cumpridas..risadas fenomenais

Vida por vida..sempre fomos assim..vida e morte..iguais...

Tu andavas pela nossa casa..eu te sentia pelo ressonar

Tuas angustias e alegrias eu conhecia.. até o teu pisar

Tua bermuda azul e o jeito só teu de me olhar

Tua agonia ante minhas tristezas..teu zelo ao meu chorar...

Tua bondade e a capacidade de deixar as coisas jogadas

Tanta calma para uma mulher tão agitada

Tantos anos rápidas separações e voltas desatinadas

Decisão..amigos meio que amantes e a paz selada...

Resolveríamos a vida juntos..depois..vidas separadas

Fomos nos esquecendo.. mas era coisa juramentada..sagrada

Era preciso que as vezes fosse planejada..lembrada

Era preciso que muitas vezes fosse olvidada...

Aconteceu..cumprimos o pacto e não sei dizer mais nada..

Nossa casa está limpa..arrumada...

Vinte e muitos anos..mais nada...

Para você Júlio César

Eu, Dorothy

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 28/01/2007
Reeditado em 28/03/2013
Código do texto: T361694
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