DEIXE-ME AQUI

Deixe-me aqui falando comigo,

afinal, a dor é só minha e a sinto.

Devo carregá-la sozinha em minh’alma,

que por dentro grita e que por fora cala.

Deixe-me aqui brincando de sonhar

que vou me deitar e ali irás estar.

Quem tem alguma coisa ver com isso?

É sofrimento, sentimento não correspondido.

Deixe-me aqui ficar falando desse jeito,

de tudo que está em meu peito.

Palavras que não queres de mim ouvir,

porque não há em ti o mesmo sentir.

Deixe-me aqui até o dia romper,

dissipadas são as trevas ao amanhecer.

Existem até flores que nascem entre pedras,

teu coração é uma, e eu uma flor bela.

Deixe-me aqui com minha máscara de palhaça,

que já vai se desfazendo pelo correr das lágrimas.

E o sorriso contido nela se perde aos poucos,

olhando agora minha face natural, não há louros.

Deixe-me aqui encolhida neste canto,

entre gemidos e soluços me liberto deste pranto.

E se acaso alguém assim me vê,

não precisa de mim se compadecer.

Aqui não vou ficar! O tempo passa... É a vida!

Estou aparentemente frágil, sem forças e saída.

O tempo que vai durar, eu não sei...

Vindo ou não... Acredite: Daqui sairei!

Anne Jansen
Enviado por Anne Jansen em 16/04/2012
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