DEIXE-ME AQUI
Deixe-me aqui falando comigo,
afinal, a dor é só minha e a sinto.
Devo carregá-la sozinha em minh’alma,
que por dentro grita e que por fora cala.
Deixe-me aqui brincando de sonhar
que vou me deitar e ali irás estar.
Quem tem alguma coisa ver com isso?
É sofrimento, sentimento não correspondido.
Deixe-me aqui ficar falando desse jeito,
de tudo que está em meu peito.
Palavras que não queres de mim ouvir,
porque não há em ti o mesmo sentir.
Deixe-me aqui até o dia romper,
dissipadas são as trevas ao amanhecer.
Existem até flores que nascem entre pedras,
teu coração é uma, e eu uma flor bela.
Deixe-me aqui com minha máscara de palhaça,
que já vai se desfazendo pelo correr das lágrimas.
E o sorriso contido nela se perde aos poucos,
olhando agora minha face natural, não há louros.
Deixe-me aqui encolhida neste canto,
entre gemidos e soluços me liberto deste pranto.
E se acaso alguém assim me vê,
não precisa de mim se compadecer.
Aqui não vou ficar! O tempo passa... É a vida!
Estou aparentemente frágil, sem forças e saída.
O tempo que vai durar, eu não sei...
Vindo ou não... Acredite: Daqui sairei!