Paisagem fúnebre
Oh morte sublime rainha!
Te guardo eterna
E te aguardo terna.
Assim como o som,
Como as ondas do mar
Que vão e vem nesse valsar
Levando os sonhos que inventei pra nossos filhos.
A morte é o nada que se desprende do tudo,
É o eco das palavras amargas,
É a música suave e fúnebre desses dias insólitos.
A morte é a solidão em meu peito,
Que me faz sofrer a cada ontem que perdi.
Assim estou,
Com frio... Com dor.
E a garganta não suporta a doçura da fumaça,
Os ouvidos já não suportam tua voz aclamando um novo deus,
Pedindo socorro imediato.
Isso não é teatro,
É minha dor disfarçada em revolta,
É meu tédio constante... o desejo final.
A morte é como sopro do vento,
O hálito putrefaz do nada que se faz fatal.
Uma brisa anunciando que o fim apenas começou,
É um desejo banal...
Leva-me pra ver o sol nascer
E eu te levo pra vê-lo morrer.
09/09/1997 (Cem dias antes de morrer – O diário de um suicida)