"UMA GOTA DE SERENO"

UMA GOTA DE SERENO

Valdemiro Mendonça

Lembro-me bem pois:

com meu ciúme magoei-te!

Eu vi a tristeza surgir

nas duas lágrimas cristalinas

rolando nas faces juvenis,

nublando teu olhar atônito

que não entendia o porquê,

da minha zanga abrupta?

Por um pecado sem culpa

do olhar curioso para ver,

de onde veio o psiu que teu

olhar tão simplório atraiu

e fez minha tormenta desabar!

Agora estando sozinho na casa

onde antes tu cuidavas plantando.

O jardim de hortaliças brotando

e eu aqui me lembrando... O instante

das duas lágrimas brilhantes rolando,

parecendo dois diamantes mostrando,

o quanto fui débil e infame.

Agora não voltas, por mais que eu, chame.

Olhando triste para teu jardim, entendo;

Como eram puras as lágrimas magoadas,

eram como a gota de sereno pousada

no colo do fundo da folha de inhame.

Fim

Trovador

Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 14/04/2012
Código do texto: T3612059
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