"UMA GOTA DE SERENO"
UMA GOTA DE SERENO
Valdemiro Mendonça
Lembro-me bem pois:
com meu ciúme magoei-te!
Eu vi a tristeza surgir
nas duas lágrimas cristalinas
rolando nas faces juvenis,
nublando teu olhar atônito
que não entendia o porquê,
da minha zanga abrupta?
Por um pecado sem culpa
do olhar curioso para ver,
de onde veio o psiu que teu
olhar tão simplório atraiu
e fez minha tormenta desabar!
Agora estando sozinho na casa
onde antes tu cuidavas plantando.
O jardim de hortaliças brotando
e eu aqui me lembrando... O instante
das duas lágrimas brilhantes rolando,
parecendo dois diamantes mostrando,
o quanto fui débil e infame.
Agora não voltas, por mais que eu, chame.
Olhando triste para teu jardim, entendo;
Como eram puras as lágrimas magoadas,
eram como a gota de sereno pousada
no colo do fundo da folha de inhame.
Fim
Trovador