o poeta na tv
a televisão de hoje
é o pobre delírio
de um filme de terror
pelo menos o noticiário
cabeças sendo chutadas
mulheres esfaqueadas
brigas, tiros, pauladas
no finais de jogos
pelas ruas próximas aos estádios
ou nas arquibancadas
crianças intoxicadas pelas enfermeiras
carros desgovernados atingindo pessoas
nas calçadas
viados
ou viciados sendo espancados
assaltos a mão armada
você muda de canal
e se for outro noticiário,
tudo igual
você desliga a televisão
mas sabe que aquelas cenas
continuam, continuaram
ou continuarão
você se acredita poeta
mas à toda hora
a vida lhe diz que não
que não
que não