O mistério do livro negro

No misterioso livro do teu ser

Quero ler a história ainda não finda

Penetrar no jardim dos teus versos, ermo no silêncio

Poder senti-lo...

Olhos postos em ti

Cai o orvalho a soluçar

Devagarinho sobre teus murmúrios

Minh'alma enternecida s'envolve.

Tristes páginas lívidas

Pousam sobre ti as mãos benditas

Afagando-as com preces dentre a névoa em trevas

Soltam grilhões...

Alma profunda

Trago no abraço o Amor que sustem e liberta o teu poetar

Na vastidão de ilusões, por favor não feneça!

Ao mirar num olhar plangente que fundiu o frio e a dor

Cerrei-o em meus braços

Senti os dedos brancos, agora cálidos, a face do amor acariciar

E de tanto tentar compreendê-lo, foi com desvelo que suas chagas me pus abrandar.

Prodígio, deixe no esbater das linhas o teu purgar

E destas páginas que ainda restam, em brancura casta

Permitas ao Amor um capítulo novo acrescentar

Exalando o perfume que encontrará repouso ao um nobre coração penetrar.

Olhos fitos em rútila quimera

No jardim secreto não vi uma flor brotar

Pensava ser ela a flor dentre as flores, a mais bela

Da qual o perfume sempre iria gozar.

Estranha utopia

No exílio o sentiu só por instantes, logo logo ele a deixou arfar

Se eras o Amor como pôdes?

Porque não permites a flor o jardim habitar?