A Mancha
A mancha vem comendo pela beira
O óleo já tomou a cabeceira do rio e avança
A mancha que vazou do casco do navio
Colando asas da ave praieira
A mancha vem vindo
Vem mais rápido que lancha
Afogando peixe, encalhando prancha
A mancha que mancha,
Que mancha de óleo e vergonha
Que mancha a jangada, que mancha areia. (Lenine/Lula Queiroga)
A mancha na ave arde.
Arde ave branca na dor.
A mancha na ave traz tristeza
No olhar da ave que não voa.
O voo não decola, asas pesadas
Ave tenta, a mancha cansa,
Nem olhos para enxergar o horizonte,
Não vê o céu, não vê teus irmãos.
A mancha na ave é manto,
Manto triste que encobre sua razão de voar.
Asas não batem, a dor queima.
Ave branca manchada de sofrimento.