EXÍLIO NA DISTÂNCIA
Não sou trânsfuga desse querer penetrante
Mas conheço as vestes que lhe revestem
Serei então autóctone desses instantes teus
Ou teu invisível e ininteligível apaixonado
No abismo de teu olhar o vazio em mim
Marcado pelo exílio dessa distância em ti
Tento extrair poesias de teu microcosmo
Mas perco-me nas rimas dessa flébil solidão
Em uma compulsão anímica de mim mesmo
Na transitoriedade de tudo o que não vejo
Antevejo as ressonâncias do que está á partir
Na fertilidade cósmica de teu celeste universo
E é lancinante o submergir de tuas cálidas águas
Onde teu infinito transborda em meu horizonte
No dilacerante prazer e desejo por tuas formas
Distingo tuas insignes composições socioculturais
Como se nos entorpecêssemos compulsoriamente
E não notássemos a rachadura indefectível desse elo
Como um pequeno vazamento a romper gigantesco dique
Pois gregários são os espíritos livres de tudo o que inexiste
Pelo pressuposto que tudo que existe mantém em si algo de real
Não tenho direito a monopólio ou privilegio de tua essência
Mas caio no despenhadeiro desse desespero incansável
Onde mergulho no limbo do viver que é viver sem ter você
Pois cada molécula de meu ser nada é sem tua plena existência
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