CATAPLASMA

Das entranhas da terra negra e tórrida,
Espalham-se ramos ressequidos
Entre folhas apodrecidas e rosas sem perfume,
Carregados de espinhos que fazem sangrar a
Carne escura já possuida pelas larvas
Viscejantes, agonizantes enfim!
No hálito podre que embriaga o ar que respiro
Sou nada mais que as sombras estremecidas
De um mal qualquer...
Pústulas,
Cóleras,
Fome,
Eclosão de qualquer mal!
Excreção,
Fúnebre,
Vômito,
Heteroplasma espalhado, visceral...
Anjo de asas partidas, renegado,
Expulso do triste paraíso,
Criatura horripilante, desfigural!
Filho das noites e dos fantasmas de olhos
Vermelhos e famintos,
Que se perdem em tumbas ornamentadas
De silício, em silêncio,
Discrentes da própria morte vagabunda,
Reinventada em versos frios,
Gélidos, emoldurados em pálidos
Sorrisos que guardam para si o
Próprio azedume de ser o diabo
Em pessoa, descomunal!
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 09/04/2012
Reeditado em 09/04/2012
Código do texto: T3602935
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