Devaneio numa noite aflita

Num sono cansado, fecho meus olhos...

Espero até que tua imagem venha me visitar;

Cobrir e me abraçar....

Olhar-me no momento em que durmo.

Deito com esperança;

Mergulho no âmago amargo do meu ser

Descubro que velhas recordações abraçam meus pensamentos;

Fazem com que o sonho esvaia.

A madrugada torna-se eterna...

A cama objeto de minha tortura...

Vejo em tudo toda a tua imagem,

Como se a realidade estivesse transposta em cada um de seus olhares;

Em teus sorrisos deixados;

Em versos recitados a qualquer céu enluarado...

Mas a noite eterniza-se nessas lembranças...

Faz doer...

A cada segundo as quero mais distante;

Mais longe de tudo que sou;

De tudo o que tentei ser ao teu lado.

Abro meus olhos...

Sinto toda a escuridão respirando em mim.

Abro o peito e descubro a ausência de um coração...

Um vago reservado a tudo que é solidão.

Corto a madrugada tentando silenciar o que penso,

Mas repenso tantas coisas cortadas...

Afinal... Não esqueço e nem corto nada.

Tudo mantém-se eterno...!

Tudo continua guardado na ausência do coração...!

Mas já não espero nada...

Quero apenas que essa noite passe calada!

Que as lembranças sejam fruto de um espírito aflito!

Que teu fantasma saia com a brisa que me tocou o rosto neste momento;

Que saia com este vento...

Que saia como vento...