Mais uma Dose

Em algum lugar lá fora

As flores desabrocham

E há sorrisos flutuando no ar

Todavia, como posso escrever sobre as flores e a luz do sol

Quando meu coração está mergulhado na escuridão?

Estou presa dentro de mim mesma

Como um aprendiz de Byron,

O mestre dos ultra-romantistas errantes

E o que acontece no exterior

Não interfere o suficiente para apaziguar a tristeza

É preciso primeiro ajeitar a si mesmo

Para então pensar em ajeitar o mundo

Eu preciso primeiro de outra rodada de uísque

E alguns meses de sono

Preciso primeiro terminar de cair

Para então me por de pé

Preciso primeiro gastar as lágrimas entaladas

Aceitar a fraqueza para então aumentar a força

Não entendo nada

Se pudesse, preferiria queimar todos esses sentimentos inúteis

Embora, sem eles, talvez me tornasse um androide

E abandonasse para sempre as boemias ultra-romantistas

Na verdade, preciso de mais uma dose

Mais uma dose de ultra-romantismo

Que me faça admitir toda a tristeza que ocultei

Que me faça passar a noite acordada sentindo sua falta

Preferindo a morte ao frio da sua ausência

Ao invés de dormir fingindo que nada disso importa

Preciso de mais uma dose

Uma dose de verdade

Que me faça corajosa pelo que sou

E não pelo que finjo ser

Preciso de uma taça de lágrimas

Pois pedras não choram

Mas também permanecem para sempre no mesmo lugar

Emperradas em sua dura teimosia

Preciso virar um último copo de ilusão num só gole

Para depois enfrentar a realidade de frente, sem máscaras

Preciso abraçar a noite

Para sobreviver o suficiente para a chegada da luz do dia

Porque quando a vida começa a perder o sentido

Talvez seja hora de morrer

Para renascer mais forte

Como uma fênix saída das cinzas

Então me traga mais uma dose de morte

Para que eu volte a ter sede de vida

Louise
Enviado por Louise em 04/04/2012
Código do texto: T3593949
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