De tanto em que amei a ti

A boca salivou

Amargou

Contorci

E vomitei.

E verti lágrimas

Tão amargas quanto as palavras.

E fatos guardados

Desconversados

Mal resolvidos

Te devolvi!

Melhor…

Dividi, gentil cavaleiro!

Venenos gurdados

Apenas em mim

E nascidos de nós,

Do nosso atropelo.

Frascos entulhados

Úmidos e embaçados

Sempre "novos"

Num contracenso

E nada esquecido

Apenas por mim?

Injusto…! Bebe o teu trago!

Tomou. E silenciou.

Fui ao lavabo

E lavei o meu rosto

Tentei respirar

Profundo

Mirei-me a face

Mais corada, até.

Alinhei os cabelos

E as idéias.

Não fiz montaria, meu senhor…

Mas sei prender entre os dedos

A crina do meu destino.

Sou dona e domo-o com maestria

Monto e remonto

Subo e desço e pronta a tudo!

Inclusive a renascer…

Das cinzas que tu me deixaste.

Aonde vais tu com o teu cavalo

Crina elegante, também a montaria

Repleto de regras e medalhas

E o teu viver parco?

Eu…?

Vivo o anárquico!

Me "limpo" do sangue - Meu…

Me "sujo" do mundo - Vasto… Eu Vivo!

E cuspo a tua farda maldita!

E amo o meu tempo róseo…

Do tempo em que tanto amei a ti.

Karla Mello

30 de Março de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 30/03/2012
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T3584029
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