Uma noite difícil

Uma boa noite de sono, acordado

O que é bom na sua vida?

O que é bom o bastante, que você possa escolher?

O que é bom o bastante, que não lhe cause medo?

Sabe aquele futuro...

Aquele que você sonha no seu sonho mais bonito?

Eu tenho medo dos sonhos bonitos

Alguns acabam, alguns são somente sonhos

Outros são bonitos por fora, mas renegam-se por dentro

A vida é toda talhada de prisões

Mas nenhuma é pior do que nossa própria mente

Eu caso meu corpo, meu gosto e meu fim...

Nas entrelinhas, posso até morrer antes

E quase sempre a conquista é viciada, jogar é seguir

A casa e seu alicerce só são um só

Quando há vantagem em ser firme

Do contrário, além de inevitável...

A queda se faz quase necessária, reconstruir esperançosamente

Ou mesmo deserdar e sumir

Branqueando os vícios, eu sei o quanto é ruim

Nenhum outro pode saber

Às vezes, me pego pensando em coisas comuns

Coisas que eu fiz, coisas que fizeram comigo

Buscar racionalizar o que acontece, é doloroso

Eu preferiria esquecer

Mas não há lembrança pior do que o latejar das palavras

O inflamar das atitudes

E o esbravejar da maldade

Soma-se isso ao meu pobre coração

E a miséria é quase fatal

Aquela coisa de que só se fica livre de algo, quando esse algo se vai...

É papo de quem gosta de se enganar

Só se fica livre de algo, quando você se vai

Não que você seja prisioneiro, ao menos...

Não o tempo todo...

Daniel Sena Pires - Uma noite difícil (28/03/2012)