ELA FOI-SE EMBORA
E então
Ele notou
No frio
Que fazia lá fora…
E lágrimas de impotência
Choveram em si
E no seu mundo
Porque ela desapareceu
Apesar
De todo o seu amor profundo
Mas foi incapaz
De olhar
Para o caminho
Diferente
Que ela tomou
Voltou-se depois
Quando a sabia fora de vista
E do seu rasto
Só folhas mortas de Outono
Que o seu corpo ausente ao passar levantou
Amava-a
Mais do que tudo
Mais do que a própria existência
Mas foi incapaz
De a travar
Embora a isso
Lhe aconselhasse a prudência
De dizer
O amor
Que lhe ocupava o todo
As noites
Os dias
O sol as estrelas
Queria dizer…
Mas não conseguia
Que de todas
Ela era a mais bela
“E os momentos entre os dois
Desvaneceram-se em si
Como lágrimas na chuva”
Queria-lhe dar um último beijo
Mas não conseguiu
Para lhe demonstrar
Toda a sua infinita ternura
As palavras
Em tempos tão prolixas
Entre os ambos
Tinham secado
Tal como um rio
Seca quando já não há água que o alimente
Tudo ficou suspenso
Toda a paixão latente
Muito
Imenso haveria
Para dizer
Mas sobretudo viver
Mas nada havia
A fazer
Abraçaria pois de novo
Mas desta vez só para sempre
A estrada da imensidão
Há finais felizes em certas histórias
Mas não
Para ele
Para a sua vã glória de amar
Pois isso tinha sido a sua força
Mas também
O liquido afectivo
Que o haveria de envenenar
Porque
Ela se foi embora…