Ao cair das sombras
Angustia de coca subindo pelo nariz
E ele sabe que não esta mudando nada
Só se deixando levar
Pelo caminho traçado de carreiras no fundo do prato
O céu tingido de negro
Desabando aos pedaços
Ele vê e sorri sentado na sarjeta
E com sorte esquece isto
Mas não esta resolvendo nada
Então e melhor fugir
Para aquela praia nua e muda que ele conhece
Onde são todos sonâmbulos
Embalados em um sonho antigo
Ficar distante pra não estar nunca
Ficar alto
Elevar-se sozinho e insano
O sucesso e solitário
Talvez sair pra dançar a noite
Ouvi dizer que ele sabe o que fazer depois das três
E todas as garotas o conhecem
Eu já o vi devorando garrafas de uma bebida qualquer
Que importa o nome desde que produza o efeito?
Quem liga pra nomes?
Às vezes ele vem do trabalho cansado
Não e que tenha sido muito exigido
E só esta coisa de lugar fechado e ordens
Ele descansa fumando baseados
E medita cavalgando heroína
Ele decide sua vida cheirando cocaína
E pra ocupar o tempo ele bebe
E quem pode condenalo?
Talvez alguém Le diga que isto e errado
Ele com certeza riria
Só o terror é que ele ouve
Seu medo devorando a mobília
Ele esta indo pra algum lugar no escuro
E quem pode afirmar que não esta?
Eu já o vi espiando sua mãe flertar com outros homens
E soube que seu pai hoje vende enormes charutos cubanos
Ele acha tudo inútil e tedioso
Ele já me disse que os odeia
E dirige rápido pelas tuas desertas
Esta indo para algum lugar distante
Esta indo pra lembrar
Lembrar da fome
E da dor
Lembrar do ódio
E do prazer
Ele não pode ter esquecido do prazer
Ninguém pode
Embora às vezes venham a tentar
À noite o alcança em plena viagem
Em meio a uma grande curva
Onde tudo se perde
Ao cair das sombras
Ao cair das sombras.