Hoje...
Queria ser terra, ser fogo, ser água, ser ar
Queria ser um pássaro! Quem sabe um anjo?
Um ser alado e ter... a virtude de voar
Tocar... com a ponta das minhas coloridas asas
as nuvens passageiras que brincam e correm no céu
Ser infinitamente mar e neste instante bem ao léu
sentir-te meu Amor em meu corpo mergulhar em brasas
Hoje...
Sou dos meus olhos a lágrima mais sentida
que correu e se quedou em meu rosto
Sou da noite o luar pela tristeza corroído
das esfarrapadas estrelas o velho vestido
na boca do sol, o amanhecido hálito do desgosto
Sou da poesia o suspiro do verso mais doido
Sou estrofe que agoniza a espera da rima perfeita
e a rima que sofre e que chora a dor, de não ser a eleita
Sou o desassossego no coração triste do poeta
que vive tentando desvendar o negro mistério
da sua inspiração envolta no véu, da saudade secreta
Hoje...
Queria ser um rio de almas mansas e claras
que correm calmas e puras para o amor
Mas não sou
Hoje...
sou um oceano sob a luz da incerteza