Hoje...

Queria ser terra, ser fogo, ser água, ser ar

Queria ser um pássaro! Quem sabe um anjo?

Um ser alado e ter... a virtude de voar

Tocar... com a ponta das minhas coloridas asas

as nuvens passageiras que brincam e correm no céu

Ser infinitamente mar e neste instante bem ao léu

sentir-te meu Amor em meu corpo mergulhar em brasas

Hoje...

Sou dos meus olhos a lágrima mais sentida

que correu e se quedou em meu rosto

Sou da noite o luar pela tristeza corroído

das esfarrapadas estrelas o velho vestido

na boca do sol, o amanhecido hálito do desgosto

Sou da poesia o suspiro do verso mais doido

Sou estrofe que agoniza a espera da rima perfeita

e a rima que sofre e que chora a dor, de não ser a eleita

Sou o desassossego no coração triste do poeta

que vive tentando desvendar o negro mistério

da sua inspiração envolta no véu, da saudade secreta

Hoje...

Queria ser um rio de almas mansas e claras

que correm calmas e puras para o amor

Mas não sou

Hoje...

sou um oceano sob a luz da incerteza

Kellen Cristine
Enviado por Kellen Cristine em 19/03/2012
Reeditado em 19/03/2012
Código do texto: T3563240
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