Sete
Era um dia sem sol e úmido
Meu corpo tinha apenas sete anos
Eu estava tão alto, no topo do mundo
E olhei para baixo com mil planos
E eu vi aquele chão,
Milhares de metros lá embaixo
E pensei: Por que não?
Por que não fazer do jeito fácil?
Porque, amor, vamos encarar
Nada mudou desde então
Porque, meu bem, não deixo de pensar
Que eu deveria ter me matado aos sete
Mas senti um temor em minhas mãos
E me convenci de que tudo ficaria bem
Que um dia a vida seria algo que preste
E agora, o que minhas mãos têm?
Meus dedos estão tortos de tanta masturbação
Minha mente cheia de histórias imaginárias
Eu mal consigo diferenciar memórias
Do que criei com minha imaginação
Desde quando comecei a inventá-las?
Por que não fazer um final fácil?
Se toda vez eu morro e nasço
Nessas vidas tão simplórias?