A beirada do mundo

Eu sofro do olhar calcinado de quem viu demais das sombras

Tantos cinzas manchando as paisagens do meu mundo

E eu precisando de algo

Alguma coisa minha que jaz perdida já há muito tempo

Nem sei bem o que

Eu deixo os olhos passearem no céu coalhado de estrelas

Deixar a Terra e vagar pelos astros

Há doce sonho

Desejo improvável que me mantém longe

Já não resta mais em mim nem mesmo uma pequena fagulha

A chama e agora mera lembrança

Só resta uma brasa extinta e dormida

Apagada de medo

Sou o sussurro sombrio e fraco

Anseio a mudança que não vem

E o alivio do peso que esmaga-me o peito cansado

E Deus como estou cansado

Tão farto destas batalhas sem glorias

Encharcadas de vitimas

Cansado de sonhar o sonho que se afasta deixando-me apenas a poeira da distancia

Quando é que a dor finalmente para?

Se é que para

Preciso de algo que abrevie o sofrimento

Alguma coisa qualquer pra apressar minha miséria no mundo

E que importa se e corda, bala ou faca o que põe fim a tortura?

Não careço do refinamento do método

Só da paz das trevas aconchegantes

Que não provocam lagrimas

Estou a um passo da beirada do mundo

E se pular... serei eterno.