ESQUECER? JAMAIS
Não há um botãozinho aonde podemos simplesmente desligar
Não há
Não há um apagador gigante capaz de apagar
Têm coisas que sempre vamos recordar
Teu beijo?
Tinha um gosto inenarrável
Ia além do explicável
Tuas mãos?
Pareciam feitas de seda pura
E eu era uma simples criatura
Viajávamos nos tempos entre o “ontem” e o “quem sabe um dia”
Disso eu fazia poesia
Mas doía
Causava-me atrozes dores
Como nos matam os amores!
Era como se uma ave de rapina todos os dias viesse furar meu coração
Necessitava esta dor ocultar
Precisava sorrir e quando me vinha vontade de chorar enterrava o rosto no travesseiro
Ali naquele choro sufocado existia um mundo inteiro
Um mundo de amor, de dor, de desencontro
Até que o “quem sabe” deixou de existir
O ontem foi ficando distante
Tão distante que eu nem sabia mais o que fazer com ele
Pensei
Agora será fácil esquecer
Foi um equívoco
Esquecer jamais