PÁGINAS DESNUDAS...

Na penumbra dessa noite releio Thomas Mann

No livro “Doutor Fausto” teu inefável perfume

Tua foto em mimetismo ao que sonho acordado

Almeja açambarcar tudo que te revele em si mesma

Contemplo assim teu convulsivo e penetrante olhar

Incitando meu nigromântico e convulsivo espírito

Admoestando em mim o que não seja inexeqüível

Nado nas vagas desse niilismo abstrato e libertino

Afogo-me torpemente nas lembranças do momento

Levando-me a sentir-me escusado de tua presença

Estro que és de tudo o que em mim ainda habita

Minha lívida Deusa das águas que deságuam aqui

Ontogênica excitação de meus insólitos devaneios

Silvestre flor que és desse vagante e indômito jardim

Confrange-me essa paulatina ausência de tua presença

Comburido pelas chamas dessas flagelantes dúvidas

Agasto minhas certezas em transes transcendentais

Pespegam signos indecifráveis ante o manto da ausência

Facécias tristes invadem minha translúcida solitude

Não há desdouro algum em nada que nos abranja

E sinto o frêmito de tuas palavras domando meu “eu”

Como azorragues a mutilar esse meu primevo silêncio

E no desassossego desse meu merencório espaço

Certifico-me da grandeza de tua abstrata subsunção

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Leilson Leão
Enviado por Leilson Leão em 13/03/2012
Código do texto: T3551794
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