PÁGINAS DESNUDAS...
Na penumbra dessa noite releio Thomas Mann
No livro “Doutor Fausto” teu inefável perfume
Tua foto em mimetismo ao que sonho acordado
Almeja açambarcar tudo que te revele em si mesma
Contemplo assim teu convulsivo e penetrante olhar
Incitando meu nigromântico e convulsivo espírito
Admoestando em mim o que não seja inexeqüível
Nado nas vagas desse niilismo abstrato e libertino
Afogo-me torpemente nas lembranças do momento
Levando-me a sentir-me escusado de tua presença
Estro que és de tudo o que em mim ainda habita
Minha lívida Deusa das águas que deságuam aqui
Ontogênica excitação de meus insólitos devaneios
Silvestre flor que és desse vagante e indômito jardim
Confrange-me essa paulatina ausência de tua presença
Comburido pelas chamas dessas flagelantes dúvidas
Agasto minhas certezas em transes transcendentais
Pespegam signos indecifráveis ante o manto da ausência
Facécias tristes invadem minha translúcida solitude
Não há desdouro algum em nada que nos abranja
E sinto o frêmito de tuas palavras domando meu “eu”
Como azorragues a mutilar esse meu primevo silêncio
E no desassossego desse meu merencório espaço
Certifico-me da grandeza de tua abstrata subsunção
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