Doce moribunda
Vai morrendo, lentamente, a poesia nos corações
Ninguém mais tem tempo de amar, nem de sonhar
E assim a poesia sem ser escrita, sem ser lida
Vai pouco a pouco se apagando como nuvem esfalecida
E ela, coitada, se agarra nos sonhos dos poucos poetas
Que choram suas dores ou as dores alheias sem pensar,
Poetas que se entregam, pela poesia, à dor do pranto
Dando ao seu velório as cores da tristeza de um canto
Adeus poesia, doce moribunda deste tão mundo vil
Vítima da tanta falta de amor de um mundo sem coração
Vai, mas leva contigo a saudade de um poeta como oração
Vai poesia este tão estranho e podre mundo já não te merece
Mas por onde fores, em qualquer mundo que te façam amores
Lembra deste poeta que por tanto te amar nunca de te esquece.