MANHÃ NO BOSQUE...
A madrugada chega mais cedo me trazendo
Um recorte azul desse dia que começa
Sob uma fina e fria chuva...
Com tintas e pincéis da alma desenhei as mais belas
Palavras de amor...
Compus versos sublimes que antes nunca fiz
Para outro alguém...
E se fiz, não foi com a mesma emoção nem com
A mesma intensidade...
Não havia o colorido, o encanto dessa mesma paixão.
Não sei se verás... Não sei se hoje comigo estarás...
E minha inspiração viaja, vagueia, naufraga,
Me deixa perdida, aturdida, e minha alma
Sonâmbula, perambula, sem objetivo, sem sentido,
Sem juízo, à procura do nada num bosque inacessível,
Afogada na saudade, imergida no mistério dessa
Densa e imensa paixão que me assusta, me consome,
Me deixa delirante...
Mergulhada nesse labirinto vivo a dor que sangra,
Lateja, lacrimeja, a dor que deseja deixar de ser...
Vivo a dor que quer esquecer que tanto dói,
A dor que quer ser apagada, transformada,
Transmutada para um lago profundo no fundo
Mais fundo do fundo do mar!
Isis Dumont