Ausência completa

Naquela ausência completa de luz ele respirava.

O pulso ainda indicava sinal de vida.

O sangue levava o calor escasso pelo corpo em pedaços.

Se era noite ou dia não se sabe,

ele dormia e permanecia imóvel.

Pernas fracas, braços de músculos consumidos,

período de tempo em que se viu denegrido,

não se viu, sentiu

a dor dos ferimentos incurados, expostos

atraindo bactérias, vermes.

Não esboçava esforço para levantar,

pequeno mortal entregue à sorte.

Faltava...faltava...qualquer coisa

para fazer erguir.

De fora do escuro, à luz de uma manhã de primavera,

restou o barulho de choro,

adubo de lágrimas

para aquele que era levado cada vez mais a fundo

para a imensidão da ausência

na completa perda de si.

Não houve resistência.

Acabou o ar.

Parou de respirar.

Cada vez mais a fundo,

mais escuro,

mais comido,

partido.

No outro dia nasceu um girassol.

Tati Dalat 05/03/2012

Tati Dalat
Enviado por Tati Dalat em 09/03/2012
Reeditado em 20/05/2012
Código do texto: T3544647
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