Ao som do meu coração...
Ao som do meu coração, quanta dor, meu irmão!
Ao som do meu coração, quantas lágrimas chorei, meu amigo!
Ao som do meu coração, quantas palavras não foram ditas, quando a escuridão tocou minha alma!
Sim, eu sei...
Sei o que é estar perdido.
Sei o que é não encontar alento em nada desse mundo.
Sei o que é ter que chorar, quando o que mais se deseja é apenas um motivo para sorrir.
Sei o que é procurar por paz e só encontrar tormento, intriga e sofrimento.
E ao som do meu coração... eu me perco na incerteza de saber se amanhã ainda estarei vivo...
Sim, porque o mundo é meu inimigo.
Sim, porque eu nasci marcado na carne e na alma feito gado num imenso pasto seco chamado vida.
Sim, porque quando olho para as pessoas, não as reconheço e nem me identifico com elas.
Porque as pessoas que passam pela minha vida vem e vão, sem nunca nem jamais ter algum sentido ou significado.
Olho lá fora.
Sim, eu olho lá fora e mesmo quando existe o sol, eu só vejo a escuridão.
Meu mundo perdido no mar de solidão.
Sim, porque a vida de mim nunca teve compaixão.
Mas, os anjos choram por mim.
Sim, os anjos choram por mim, porque sabem que eu sou uma criatura da escuridão buscando incessantemente por um pouco de luz.
E ao som do meu coração, eu nada vejo, nem mesmo ilusão.
Não, eu nada mais vejo: eu apenas sinto.
Eu sinto o vazio vazar pela minha carne e atingir em cheio minha alma.
Fuzilado, desarmado, massacrado: meus sonhos lançados na sarjeta de uma vida injusta.
E eu perdido como poeira levada pelo vento.
Mas, o vento que leva tudo não leva com ele meu sofrimento.
Não, o vento que leva tudo não leva com ele meu sofrimento.
Então, ao som do meu coração nada mais resta senão solidão: solidão e escuridão.