Paulo Gondim

02/03/2012

Simples criança, crise na infância

As imagens do santos, o medo

Rostos sofridos, sangrados

Lençóis abertos, rasgados

Vestes desfeitas, corpo visto

O sofrimento de Cristo

E eu tinha medo.

Sentia a chaga, o dedo

Que me apontava, me acusava

A porta que se abria, fria

Da dúvida cruel

Do não entrar no céu

E sofria em segredo

E os santos sisudos, mudos

Me olhavam de longe, do alto

No pedestal de seus altares

Em vários lugares

Muitos santos, muitos olhares

E cresci com medo, inseguro

Assim, me sentindo impuro

Ao invés de abrigo, castigo

Não havia saída, nem guarida

E ainda há medo, há dúvida

Incompreensão, distorção

Ensinamento errado

Tudo é pecado, só há mal

Verdade escondida

Vida perdida, combalida

Na dúvida do ser, do crer

Se é preciso crer, sem ver

Sou mais um Tomé, de pé

Em desalinho na fé.

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 02/03/2012
Código do texto: T3531776
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