A BEBIDA
Como o cálice amargo da tristeza
Bebida aos poucos como se quente fosse
Suspiro alegre, febril de um louco
Ambrosia suave do fruto
O futuro incerto do desgosto
Na garganta força a descida
E nutrido de graça o desamparo
Ameaça apenas de insatisfação
Como dizer até então
O nexo, a falta perdida...
Como sorver aos poucos a vida
Se a lucidez abstínia me procura
Porquê não dizer que é loucura
Saber do sofrimento como dama
Em cada passo conduzida
Toda sorte tem seu peso
Muitas vezes o que se tem por começo
É o fim de um mundo
E porquê não dizer que o insucesso
Com a ventura foi lançado.