Dor Em Arcos

Essa liberdade quase que inútil
Ocioso o tecer dos sonhos
Reborda de roxo a esperança
Sob o manto da negra agonia


Amarelados projetos afetivos
Borrados do escuro nanquim
Mancham o vermelho cetim
Acentuam o breve fim


Olhos verdes cor de mar
Mar escuro sob escudos
Dos cascos de velhos barcos
Enrascadas dor em arcos


Brancas brumas festejantes
Ferve o anil do firmamento
Estonteantes estrelas
Das velas despedaçadas


Pedaços de vidas jogados
Nas esquinas do abandono
Odor ocre do ontem triste
Nesta sociedade em riste.


(Ana Stoppa)



Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 24/02/2012
Reeditado em 24/02/2012
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