QUEM SABE...?

Paisagem escura
Alma em calabouço,
Não vejo nada, mas, ouço,
No sopro do vento,
Um sutil incitamento,
À loucura,
Algo que tenta me conduzir,
Para fora da razão,
Fico meio sem jeito,
De aceitar a sugestão,
Cicatrizes no teto,
Formam letras,
Que não me dizem nada,
Sou objeto direto,
Da estranha sensação,
Penso em me mover,
Acender a luz, abrir,
A porta, a janela, a gaveta,
Somente por abrir,
Penso ser solidário,
À madrugada,
Devanear em sua espessura,
Fluir com o imaginário,
Revirar o ego, transpor,
Se preciso for,
Me enlouquecer,
Mas, não faço nada disso,
Fico aqui submisso,
Ao viço da imprecisão,
Com as mãos no rosto,
E o olhar posto,
Na escuridão.
...
Quem sabe eu gosto,
De sofrer?