Perfume
Envelhecido resta no frasco fosco
Restos amilcarados de teu perfume
A contrastar com as frias paredes
Trágico cenário,alma presa na rede
Sentimentos emaranhados no mofo
Atolados na insana areia movediça
Onde os dias teimosos os arrastam
Saudade plangente que a dor atiça
Sonhos inúteis expostos no presente
Insuportável solidão do amor ausente
Cachoeiras de pranto banham os dias
Neste empurrar a vida entre a agonia
Perfumados desejos florescem alheios
Aplacados pela realidade que o levou
Reviver diário das muitas lembranças
Passagem obrigatória da esperança
No aroma do ontem mora a saudade
Na angústia do hoje pobre realidade
Onde na morte diária do ágil tempo
Flutua a alma no infindável tormento.
(Ana Stoppa)