Onisciência

E se você morresse

E se a razão acabasse

E, se o sentimento não existisse

E de repente o fim

É apenas o começo

E o começo, um discreto fim.

E se alma congelasse

E se o corpo derretesse

E se as palavras voláteis

Se esparramassem gasosas

pelo universo

imerso em semântica e medo

E, se eu pudesse lhe deter

Lhe avisar

Lhe prevenir sobre o futuro

Lhe trazer de novo

ao colo,

ao útero,

ao berço.

Ao choro contido

Ao espasmo de dor

Até a última contração.

E se depois de sua morte

Minha vida continuasse

Meu silêncio velasse

por corpos invisíveis

E, se minhas orações se dirigissem

A um deus único,

Onipotente, onipresente

E onisciente

E senhor de todos senhorios.

Dono de todos os domínios

A sombra da cruz,

No enigma da estrela

No giz do ponto riscado no chão

No incenso do templo

Na reverência humilde das criaturas

Em direção a Meca

Esse senhor deus

Que sepulta os vivos e

Ressuscita os mortos...

Dai-me o poder da phenix

Deixai-me ir contra

todas as profecias

Interromper os ciclos

Para algum significado

Mais amplo e mais feliz

Que o movediço terreno

das hipóteses.

Fiat lux!

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/02/2012
Reeditado em 18/02/2012
Código do texto: T3502404
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