PALAVRAS , POESIA E TRISTEZA
Não quero saber do contexto de teu texto
Para que dessa análise não surja procelas
Hoje não sei por onde latejam tuas emoções
Desconheço o alvorecer de tua existência
O teu momento não se mostra atemporal
E talvez não tenha havido certa ruptura
Ao que concerne aos limítrofes do passado
Não drunfarei minhas emoções para não ver
Ou procrastinarei o que há sob o véu de palavras
E o significado de tuas dúbias e esquivas vertentes
Qual o signo a decifrar em teus versos híbridos
E o seu efeito soporífero em minha interpretação
Onde o lócus do gene dessa disforme informação
Palavras vicejam do ventre de quem as escrevem
Não surgem do limbo de um opróbrio impensado
Nem do vácuo de madrugadas infecundas
Palavras são as realidades que habitam em nós
E pulsam em cada sílaba em cada verso ou rima
O que se escreve advém do que em nós transpira
A idéia pode sim surgir de algo não pensado
Mas nunca irá surgir do que não nos sublinhe
Pois no sublime ato de escrever nos desnudamos
E mostramos o que muitas vezes escondemos de nós
Ela sempre será ponderável límpida e real
Mesmo quando repleta de reticências marcantes
Ou de pontos finais infindos dentro de nós mesmos
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