Feridas ferinas.
Deitado na vala selvagem de uma existência jogada na obscuridade.
Perdido no encontro contínuo do mal sempre presente.
Flores secas no deserto do meu jardim.
Feridas abertas na pele até rachar e sair pus e sangue.
Sigo ferino ferido e perdido por esse circo de horror chamado mundo.
Jogado as traças, não há nada que me faça esquecer a dor.
Dilaceradas mãos pudentas.
Alma mutilada, coração careta está precisando de muleta.
Deitado nas valas do chão frio de uma existência esmagada.
Perdido o sonho na vala do mundo imundo.
Vida insone.
Não durmo, porque o bicho papão da sobrevivência não permite.
Me perco na luta urgente de uma imposição ordinária.
Sangue frio na corrente de minhas véias atrofiadas.
Onde aqui dentro há tanta ferida.
A dor faz parte de minha vida.
Inflamação em profusão.
Vejo a vida em erupção, de mim partir a cada dia, esvaida no vazo de meu imundo terreiro.
Jaz aqui minha alma perdida.
Minha morte em vida tão dolorida.
Grita o sufoco na garganta atolada de fel.
Porque minha vida se perde nessa injustiça traçada nessa farsa chamada sociedade.
Então, deixa minha alma chorar e minha carne padecer.
Porque eu não sei o que fazer, para desse sofrimento conseguir sair, e apesar dessa dor, eu só quero poder viver.
Sim, eu só poder viver.