Este Beijo Morto

Este beijo morto, de pele áspera,

Saliva salobra, de líquido mortal.

Te afasta, te expele, te assusta.

Este toque frio, com dedos cegos,

Não é suave nem nos pensamentos.

E este suor, salgado ácido, acre.

Quando tomado meu corpo, contamina.

É assim que sou! O incapaz.

Qualquer outro está nos desejos,

Na mente caminham as visões do prazer,

Mas para este ser, de bêbados anseios.

Nada resta, além do esquecimento.

É assim que sou! O incapaz.

Diante de um dia novo,

Os sóis nascendo, e as pessoas de fora.

Que nada sabem das nossas desgraças.

São tudo possibilidades, por que na vida,

Não há coisa única, ou única coisa,

Todas as coisas são várias,

E dependem das mudanças de caminho,

Por que os caminhos novos não existem

Até que o persigamos, ou entremos nele.

E então, onde somente poeira de caminho havia.

Eis que surge, um mundo novo, cheio de várias coisas novas,

E aquela, dor do passado, aquela de que podia ter feito isso,

Daquela ou de outra forma, essa dor passa.

Machucando, marcando, mas que na conclusão,

Passa, pois senão como haveríamos de sempre começar.

Sempre começar uma novidade de uma mesma vida

Uma mesma vida cheia de coisas várias.

E ainda aqui, mais uma vez observo quem não quer,

Continuar sempre novo, e no momento derradeiro,

Poder dar cabo da própria existência?

Vão me perturbar as crendices?

Vão me assombrar as regras espíritas?

Viver é mais que aceitar,

Viver é desprender-se de regras, por que no final

Se existe mesmo um final

Final com cara de coisa que para.

Ele tem sua hora, mesmo sendo isso ou aquilo,

Algumas verdades precisam ainda ser esclarecidas,

Mas é somente pela vaidade, nada acrescenta dos motivos disso ou daquilo.

E destas verdades, eu sei que foges.

Por que as verdades quando não naturais

As verdades quando forjadas,

Escondem a sujeira que vem a tona, como a espuma da caneca.

Quando me forçou a humilhar, diante das escolhas que então dona da razão continhas.

Não percebeu que da ferida, do choro salgado em cima do sangue,

Casca grossa se cria, força se afirma, folego se ganha,

E depois disso uma vida inteira pode ser encarada,

Um vida inteira,

Nova e eterna.